Artigo: Uma prática dolorosa que nos traz lucidez
Postado em: 04/07/2017
Artigo da Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-ES, Verônica Bezerra
Há pouco mais de um ano à frente da CDH OAB-ES, muitos foram os encontros e desencontros que vivenciamos. Diversas foram as situações de urgência e emergência que fomos levados a enfrentar, na tentativa de garantir a preservação dos Direitos Humanos.
Todos os lugares, precisamos ir. Diferente do que pensa a grande maioria, não vamos somente ao presídio. Ouvimos lamentos, denúncias, choros, gemidos. Mas também ouvimos risos e esperança.
O fevereiro de 2017 que vivenciamos, e que, diga-se de passagem, não nos recuperamos, ainda, (se é que algum dia algumas pessoas recuperarão), deixou marcas indeléveis e tocou muitas pessoas.
Duas delas foram: Lucas e Marina. Marina é Pedagoga, ingressante no mestrado em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo. Lucas é Advogado Criminalista, militante em Direitos Humanos e Frade Dominicano.
Eles me enviaram o poema abaixo que, com extrema sensibilidade e lucidez, traz para nós um viés do fevereiro de 2017, que alguns teimam em ignorar: a democratização da violência. A falta de policiamento ostensivo, toques de recolher, assassinatos, roubos, furtos, escolas sem aula, posto médico fechado e medo, era privativo dos bairros de periferia. Corrigindo, é privativo. Sim. A greve acabou, mas ainda hoje em nosso Estado, bairros ainda vivem essa realidade, mas não é notícia, mesmo que as pessoas sintam tudo o que a gente sentiu entre os dias 03 a 25 de fevereiro. Por isso, publicizamos o poema de Marina e Lucas,