“Advocacia atravessa tempos difíceis, duros e de intolerância”, diz presidente da OAB-ES na abertura do III Encontro da Jovem Advocacia
Em um auditório completamente lotado, começou na noite desta sexta-feira (21) o III Encontro Estadual da Jovem Advocacia, que acontece no Grand Hall, em Vitória. Foi uma noite de discursos emotivos, homenagens, agradecimentos, confraternização e troca de conhecimento.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Espírito Santo (OAB-ES) comandou a mesa de abertura ao lado da presidente da Comissão Estadual da Advocacia em Início de Carreira (CEAIC) e anfitriã do encontro, Natálya Assunção.
Também estavam na mesa o secretário geral da OAB-ES, Ricardo Brum, o diretor-tesoureiro da Ordem, Giulio Imbroisi, o presidente da CAAS, Carlos Augusto Aledi, e presidentes de Comissões da Jovem Advocacia de várias Subseções do Estado.
O presidente da Ordem fez um discurso em que agradeceu o trabalho desenvolvido pela CEAIC, mas também demonstrou indignação em função de declarações do presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, que revoltaram a advocacia de todo o País.
“Eu amo a advocacia, não troco por nada. A advocacia atravessa tempos difíceis, é verdade, tempos duros, tempos de intolerância e tempos de magistrados que vindos do Quinto Constitucional, como o ministro João Otávio de Noronha, não sabem a importância da advocacia, e dizem, como disse o ministro Noronha, que a presença de advogados em mediação de conflitos é reserva de mercado”, disse Homero Mafra.
E continuou: “O ministro Noronha deveria saber que a presença do advogado na mediação serve para manter o equilíbrio da balança. Hoje, o Colégio de Presidentes de Seccionais deu sua nota oficial sobre o pronunciamento do ministro, mas há que se registrar que o pronunciamento do Noronha vem na mesma linha daqueles magistrados distantes do povo, que querem uma Justiça asséptica onde nós, da advocacia, só servimos, no pensamento retrógrado deles, para incomodar”, criticou o presidente da Ordem.
“Mas nós incomodamos sim, porque cabe à advocacia desafinar o coro dos contentes, magistrados como o ministro Noronha querem uma Justiça sem povo, sem contraditório, e por isso querem uma Justiça sem advocacia. A eles não interessa a voz dissonante e altiva da advocacia dizendo não”, disse Homero Mafra.
O presidente da OAB-ES também elogiou o trabalho de Natálya Assunção, “que hoje é um exemplo para a advocacia nacional. Tenho muito orgulho da Comissão Estadual da Advocacia em Início de Carreira”.
"Tenho muita paixão por essa comissão, tão grande quanto eu tenho pela Comissão de Prerrogativas, sou louco por prerrogativas porque eu detesto juiz opressor, delegado arbitrário, a promotora que não respeita as prerrogativas da profissão, detesto aqueles que se escondem nos gabinetes e se negam a respeitar e receber a advocacia", enumerou o presidente da Ordem.
"O que nós não suportamos são aqueles que vivem contando quando vai cair na conta o injusto auxílio moradia e negam a distribuição efetiva da Justiça. O que nós não aceitamos é ver que o cartório do Juizado Cível de São Gabriel da Palha a partir das 4 da tarde fica vazio porque só tem um servidor, e nesse Judiciário sustentado por estagiários, eles vão para suas faculdades", disse Homero Mafra, arrancando aplausos da plateia.
Antes do discurso contundente de Homero Mafra, a presidente da CEAIC saudou a plateia e se emocionou ao fazer seu pronunciamento.
Natalya agradeceu ao presidente da Ordem pelo apoio a seu trabalho. “Presidente, os tempos que se aproximam fazem com que alguns sejam movidos a interesses pessoais, mas temos certeza de que aqueles que pensam no coletivo têm um sentimento de gratidão pelo senhor, e por isso registre-se aqui o nosso mais sincero agradecimento a todo apoio e inserção da jovem advocacia, que além de assento neste Conselho Seccional, tem voz ativa nas discussões. Não queremos só voz, queremos ser ouvidos, e por essa diretoria nós somos”, disse ela.
A presidente da CEAIC também comemorou o sucesso da comissão. “Nossa jovem advocacia capixaba é referência na advocacia nacional, principalmente nas causas e projetos jovens”. Depois, ela convidou à frente do auditório todos os membros da CEAIC, momento em que se emocionou e agradeceu ao apoio.
PALESTRAS
Depois da cerimônia de abertura, aconteceram duas palestras: a primeira foi “Vou Começar a Advogar. Que Cuidados Devo Ter?”, com o professor Marco Antônio Araújo Junior, que deu dicas preciosas para quem está iniciando a carreira.
Depois, foi a vez de Rodrigo Bertozzi falar sobre “Advocacia Pós-Moderna, Marketing Jurídico e Inteligência Artificial”. Neste sábado, a programação começa às 9 horas.